quarta-feira, 29 de julho de 2009

Malta


Conheço bastante bem Malta, por via de vários amigos que lá tenho, incluindo o José Manuel Oliveira, candidato à Junta de Freguesia local, e a família, ou esse brilhante e cultíssimo advogado que dá pelo nome de Guerra da Mota. Era também a Malta que vinha muitas vezes, acompanhando o meu avô, nas suas deslocações à Casa do Povo.
Olhando para o largo de Santa Apolónia e esquecendo algumas modernices de gosto discutível, a verdade é que olhando para aquele espaço, fica-se com a ideia de que o tempo parou por ali. Há muito que se deveria ter feito uma intervenção, proporcionando à freguesia uma outra área, com outras valências. Infelizmente, as autarquias envolvidas não pensam o mesmo.
Outro problema em Malta é o estado de muitos imóveis, alguns deles com uma imponência que ainda vai mantendo algum respeito, embora já não exiba o presumível e provável brio de outrora. Sinais dos tempos que, infelizmente, não são exclusivos desta freguesia mas que têm o seu expoente máximo na Casa dos Cavaleiros da Ordem de Malta, de onde emergiu o toponímico local, edifício que se encontra num estado inacreditável.

Distância percorrida: 9,12 Kms (Acumulado: 111,03 Kms)

domingo, 26 de julho de 2009

Vairão


Em Vairão ultrapassámos os cem quilómetros percorridos. Na verdade, já o havíamos feito, mas estabeleceu-se o critério de só contabilizar as distâncias percorridas quando se terminar a visita a respectiva freguesia. Ora, Malta e Gião, onde já caminhámos bastante, ainda não terminaram, pelo que não entraram para a conta… De qualquer forma, não há nada de especial num número redondo, muito menos quando é apenas um faits-divers e jamais a meta em si. Mas os cerca de onze quilómetros que andámos em Vairão foram dos mais custosos, uma vez que a freguesia é bastante acentuada. Mesmo assim, conseguimos percorrê-la praticamente toda num dia.
Vairão é muito bonita. Por si e pela paisagem que oferece, em especial a que se estende até ao horizonte visual, desde a “encosta” onde se espraia Fornelo até às casas distantes que pertencem a Bagunte. Ou, então, para poente em que, a partir do monte de Stº Ovídeo podemos ver desde a refinaria de Leça até aos prédios da Póvoa de Varzim e ao Monte de S. Félix. Paisagens fabulosas, devidamente acompanhadas pelos enormes tapetes verdes das plantações de milho.
Local de história por excelência, em Vairão foram encontrados documentos escritos que remontam a bem antes da fundação da nacionalidade, mais precisamente ao século X. O edifício do actual mosteiro continua a impor-se, pesado e algo majestoso, mas a precisar de obras para recuperar o vigor de outrora. Ainda ao nível cultural, confesso que desconhecia que António Feliciano de Castilho tinha ligações a Vairão. Efectivamente, um dos protagonistas da Questão Coimbrã casou em Vairão com D.Maria Isabel Baena Coimbra Portugal. Um casamento algo efémero, que durou apenas três anos.
Não se pode deixar de referir que as casas de quinta abundam em Vairão, algumas devida e irrepreensivelmente recuperadas, o que torna o passeio pela freguesia ainda mais agradável, ajudando a tolerar o cheiro por vezes nauseabundo a esgotos a correr a céu aberto - um problema comum, é certo, a muitas outras freguesias. Prova evidente que «no melhor pano cai a nódoa»…

Distância percorrida: 10,9 Kms (Acumulado: 101,91 Kms)

domingo, 19 de julho de 2009

Azurara

Do mesmo modo que a vista mais bonita do Porto é à partir de V.N. de Gaia, também a paisagem mais bonita de Vila do Conde é a que se obtém do lado de Azurara. E pode optar-se por ver a cidade de um ponto mais elevado, como do monte de Sant’Ana, ou mesmo ao nível do rio, na zona da Azenha ou, mais a juzante, na Junqueira.
Efectivamente, Azurara é uma freguesia com enormes potencialidades, já que conjuga rio e mar. Mas também tem floresta e, proximamente, vai ser inaugurado algo que será um «parque de aventura» com incidência na prática de arborismo. É uma excelente iniciativa, já que quase se pode falar de mar, rio e, à pequena escala, montanha. Na verdade, se não fosse alguma iniciativa privada a apostar na freguesia, Azurara estaria completamente parada no tempo.
Mas tempo é que coisa que Azurara há muito conta. Basta olhar a belíssima Igreja, a maltratada capela de S. Sebastião ou a capela de Sant’Ana. E que prazer enorme é percorrer aquela longa artéria que começa como Sant’ana e chega à igreja como Dr. Américo Silva. Uma rua antiga, com alguns edifícios de referência bem conservados e, outros, a necessitar de obras urgentes. Por ali respira-se História. Não a dos grandes momentos ou viragens, mas a “pequena história” que relata os acontecimentos comuns do dia-a-dia. Se aquelas pedras falassem, certamente não chegaria uma biblioteca inteira para arquivar tantas histórias.

Distância percorrida: 11,2 Kms (Acumulado: 91,01 Kms)

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Modivas

Mais até do que Vilar do Pinheiro, no longo pulsar dessa veia que é a Nacional 13, Modivas sempre significou para mim uma espécie de parente de Vilar. Não sei se essa ideia se formou quando era literalmente obrigado a ir até ao Posto de Saúde (não me recordo da nomenclatura exacta…) que existia ali pertinho do cruzamento dos Nove Irmãos e onde a minha mãe me levava para as aterrorizantes e obrigatórias vacinas. Ou talvez pelos amigos que lá tenho. Ou talvez porque ainda é lá que se vira para Vila Chã, essa sim, terra de antepassados. Não sei. A verdade é que sinto uma familiaridade enorme com a freguesia, muito embora não haja um só familiar meu a lá viver – ou, pelo menos, que eu saiba…
A nossa visita teve momentos curiosíssimos. Em Modivas de Baixo íamos todos levando um enorme banho, mas conseguimos fugir à justa da chuva da rega (na imagem). Na zona do Monte vimos uma avestruz a descansar num quintal. E, por várias vezes, me fizeram a gentileza de recordar o meu avô David, professor do ensino básico durante mais de quatro décadas na vizinha Vilar e que, no seu tempo, havia feito exame a vários modivenses – o que desconhecia e que, naturalmente, me emocionou.

Distância percorrida: 12,57 Kms (Acumulado: 79,81 kms)

domingo, 12 de julho de 2009

Vila do Conde - Caxinas

Quem nunca fez uma arruada ou um «porta-a-porta» nas Caxinas, não sabe o que é fazer política no país real.
Longe vão os tempos em que uma caravana do PSD ou do CDS arriscava mais do que os vidros ou a chapa das viaturas quando decidia irromper pela Av. Carlos Pinto Ferreira. Hoje, a democracia impôs-se calmamente e o respeito democrático assentou arraiais. Basta perguntar se se pode entregar o folheto de campanha para ouvir algo como «então porque não? Somos democratas!».
A verdade é mesmo essa. As Caxinas estão diferentes. Se há uns anos era pecado dizer algo menos favorável ao senhor Presidente da Câmara, isso hoje é comum. Pelo menos foi o que a Coligação «Adoro Vila do Conde» se fartou de ouvir.
É certo que as eleições ainda não se erguem no horizonte, mas a população já está desperta para o embate autárquico. E, prova disso, é que vai buscar promessas ao passado que, hoje, ainda não estão cumpridas. E nas Caxinas brinca-se com o prometido complexo desportivo e faz-se trocadilhos com a água das inexistentes piscinas: «eles meteram água, mas não foi nas piscinas...».

Distância percorrida: 2,7 Km (Acumulado 67,24 Kms)

Da parte da manhã, a visita ao Bairro do Farol esteve longe de ser animada. As condições não são as melhores, as queixas multiplicam-se, os lamentos acumulam-se. O estado de espírito dos vilacondenses que ali residem oscila entre o indignado e o conformado. A impressão que emerge, depois de dezenas de conversas, é que a Câmara Municipal, isto é, a actual equipa socialista que a lidera, não quer que lhe recorde a existência do Bairro e, ainda menos, de quem lá existe. Caso contrário, muitos dos problemas relatados há muito estariam resolvidos. Mas como o Bairro do Farol representa uma derrota sólida do senhor Presidente da Câmara, a energia para resolver os problemas escasseia. Mas é bom ver como há quem, no meio de tudo aquilo, tenha brio em mostrar o asseio com que mantém a sua casa, a forma como se procura embelezar as partes comuns, ou o cuidado posto nos animais para que não sujem os corredores. Para quem lá for, os habitantes deste Bairro dão uma enorme lição de vida a todos os que se movem na política em alturas de festas ou de desastres.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Touguinhó

Mais de dezassete quilómetros andámos nós em Touguinhó o que é, para já, o recorde absoluto. A vantagem é que, estrategicamente, planeámos a viagem da zona alta para a zona baixa da freguesia, o que relativizou bastante o esforço. Como a velocidade média da deslocação é de cerca de hora e meia por quilómetro, basta fazer as contas ao tempo que se demorou em Touguinhó
Touguinhó foi, ainda, a freguesia onde escutei mais queixas. Lamentos de algum abandono por parte da Câmara Municipal, protestos veementes por algumas decisões concretas e um certo descontentamento geral com «os políticos de Vila do Conde» que estão há anos no poder, foram alguns registos que se repetiram.
Touguinhó tem um enorme e belo trunfo, no curso de água que a atravessa, o rio Este. É uma pena a zona da ponte não estar melhor intervencionada. O mesmo se diga da antiga azenha, muito embora seja particular, mas que poderia ser um relevante ponto de interesse de Touguinhó. Já na restante beira-rio nota-se algum descuido de quem deveria providenciar melhores acessos, o que contrasta bastantes com o bom gosto de algumas intervenções de particulares que souberam aproveitar, muito bem, as potencialidades e as vantagens de terem uma casa mesmo junto ao rio. Com um murmurar do rio, com a vegetação alta na margem contrária, tudo ajuda a tornar idílica aquela secção do Este. Infelizmente, nem tudo são rosas. Por detrás, alguma habitação precária e algo caótica na sua organização continua a existir.
A zona mais a norte, incluindo Vila Verde, é tendencialmente agrícola, o que nos levou, novamente, a agradáveis caminhadas entre campos de milho.

Distância percorrida: 17,52 km (Acumulado: 64,54 km)

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Outeiro

Se ainda não tivesse nome, a freguesia de Outeiro Maior poderia chamar-se “Pacífica”, tal qual Magalhães chamou ao dito oceano, por o achar tranquilo e manso. Efectivamente, em Outeiro respira-se calma e serenidade. Terra eminentemente agrícola, onde a lavoura é rainha desde o pequeno agricultor de minifúndio até ao grande empresário agrícola, assiste-se ao desenrolar de um cenário preenchido por campos que efusivamente pintam de verde a paisagem. O ar é do mais puro que se pode respirar. Nesta altura, passear por entre viçosos campos de milho é um privilégio que poucos desfrutam mas que enriquece, e de que forma, toda esta zona nascente do concelho.
Outeiro não é a freguesia mais pequena de Vila do Conde, mas é das menos populosas, não chegando às quatro centenas de habitantes. Curiosamente, continua a construir-se por ali, sinal de que há quem reconheça as vantagens de se viver numa zona verde como é Outeiro. Na verdade, qualidade de vida é coisa que por ali abunda e, talvez por isso, os outeirenses sejam tão simpáticos e hospitaleiros.

Distância percorrida: 6,8 Km (Acumulado: 47,02 Km)