sábado, 3 de outubro de 2009

FIM

30 freguesias percorridas a pé. Quase 400 quilómetros calcorreados. Milhares de Vilacondenses contactados. Todos os problemas do concelho observados e registados no próprio local. É este o balanço da nossa iniciativa «Vila do Conde a Pé» que me levou a todos os recantos do concelho.
Defendemos que a política verdadeira e honesta faz-se olhando nos olhos dos cidadãos e não apenas colocando cartazes em todas as esquinas. E foi por isso que optamos por nos apresentar pessoalmente a todos os vilacondenses.
Poderíamos estar aqui a desenrolar as incontáveis queixas que escutei ou as inúmeras carências de que o concelho padece. Mas observando a floresta no seu todo e não cada árvore, uma palavra emerge: INJUSTIÇA!
É INJUSTO ver as condições de autêntica miséria em que vivem milhares de Vilacondenses e, ao mesmo tempo, contar 24 habitações sociais por ocupar em Vilar do Pinheiro, 8 em Macieira, 19 em Árvore, 12 em Fajozes, e por aí fora…
É INJUSTO ver a Câmara Municipal ter 120.000 euros para acções de propaganda no «Jornal de Vila do Conde» e na «Rádio Linear» e não usar exactamente esse mesmo montante de dinheiro para oferecer os manuais escolares a todos os pais vilacondenses com filhos no Primeiro Ciclo.
É INJUSTO ver que os Vilacondenses sem vias de comunicação condignas, sem redes de água e de saneamento, sem escolas devidamente equipadas, têm de pagar a mesma taxa de IMI-Imposto Municipal sobre Imóveis que os que vivem no Porto, na zona da Foz, no Estoril, em Cascais ou nos condomínios de luxo do Algarve.
É INJUSTO continuarem a ter um presidente de Câmara que em 28 de Fevereiro de 2007 prometeu que jamais admitiria o encerramento da nossa urgência e, no dia seguinte, 1 de Março, em Lisboa, assina o acordo de encerramento.
É INJUSTO os Vilacondenses das trinta freguesias pagarem a Polícia Municipal e esta só actuar na cidade.
Estas são apenas algumas das injustiças que se prolongam no tempo e que urge eliminar. Mas, para isso, torna-se urgente que Vila do Conde escolha uma nova liderança. É imperioso que se escolha a mudança. Mas não uma mudança brusca ou tempestuosa, antes uma mudança calma e tranquila. É isso que propomos. Estamos certos de que iremos ter a confiança dos vilacondenses.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

E, por fim, Ferreiró...que não fica só!


Eis-nos chegados à última etapa do «Vila do Conde a Pé»: Ferreiró. E que bela freguesia é Ferreiró, uma imagem que é acentuada pela sensação de que, por cá, o tempo parou. Por isso, nem consigo imaginar a barafunda que deve ter sido a apresentação de uma lista "só de mulheres" como não se cansou de dizer a Gabriela Castro, a «Gabi» dos meus tempos de Faculdade.
Em Ferreiró ainda se desfrutam belíssimas paisagens agrícolas e o Ave, ali tão perto, ajuda, e muito, no cenário. A calma, a pacatez e o silêncio imperam apesar do mais que evidente atraso na freguesia. A G«Gabi» vai tratar do assunto!...

Distância percorrida: 7,4 KM (Acumulado: 384,16)

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Air Avelada

Paredes meias com o aeroporto, não admira que o nosso «porta-a-porta» tenha sido interrompido, quase constantemente, pelo levantar de ruidosos aviões. Deve ser complicado adormecer durante o dia, muito embora quem lá more certamente que já nem liga-era precisamente o que me acontecia, já que, em linha recta, nem sequer estava a 500 metros de Aveleda e o ruído era, sensivelmente, o mesmo e ainda tinha a Nacional 13 mesmo debaixo da minha janela do quarto. Aliás, o ruído passa a fazer parte integrante da nossa vivência, como comprova o facto de que, quando casei, fui viver para uma zona onde nem um carro se ouvia passar. O silêncio era tanto que me custava a adormecer... E o barulho era, igualmente, um serviço meteorológico gratuito e fiável: quando se ouviam os aviões na pista ou, mais perto, a passagem do comboio, era certo e sabido que aí vinha mau tempo.
Tirando duas urbanizações, Aveleda está praticamente igual ao que sempre foi o que resulta, igualmente, do facto de estar inserida na zona de influência do aeroporto, mas isso não é desculpa para o estado lastimável de algumas ruas (e não estou a falar das obras da Indáqua) e para a poluição do ribeiro que a atravessa.
Tal como muitas outras freguesias, a mudança é imperiosa!

Distância percorrida: 11,2 Kms (Acumulado 376,76 Kms)

sábado, 26 de setembro de 2009

S.Simão da Junqueira

A freguesia da Junqueira tem uma personalidade muito própria, acentuada, talvez, por anos e anos de influência do sempre majestoso Mosteiro de S. Simão. Passear pelas ruas da freguesia é um enorme prazer, seja em Casal Pedro ou em Barros, sem esquecer algumas casas de quinta muito bem recuperadas.
Mas a volta que demos durante alguns dias beneficiou de um cicerone exclusivo – em termos culturais, claro. Estou a falar do candidato da Coligação «Adoro Vila do Conde» que polvilhava as esquinas, as subidas e descidas com comentários e referências de carácter histórico, que trouxeram um ar único a estas visitas – e recordo que a Junqueira foi a 28ª do nosso périplo pelo concelho de Vila do Conde.
Tive pena de não poder encontrar o Nelson Silva, um junqueirense que gosta como poucos da sua terra e que é um dos dinamizadores do Junqueira Online. Trabalhei com ele durante um largo período de tempo no jornal «Terras do Ave» e não tenho qualquer problema em afirmar publicamente que assisti ao nascimento de um profissional superior, para quem a ética jornalística era e certamente continua a ser um valor absoluto e a nunca menosprezar. Sei que, hoje, está pela Irlanda, uma terra que consegue ser ainda mais verde que a Junqueira.

Distância percorrida: 10,36 Kms (Acumulado: 365,56 Kms )

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Na enorme Bagunte...

Quando era miúdo e ia para a praia, em Vila do Conde, o meu pai fugia ao trânsito de Verão que engrossava na Nacional 13 para atravessar o Ave (curiosamente, as filas permanecem iguais…) atravessando o Ave em Bagunte, primeiro pela velhinha D. Zameiro e, depois, pela «Ponte nova». E eu sabia que estava em Bagunte quando começava a ver os muros da Quinta d’Além. Altos, graníticos e imponentes, faziam-me sonhar com o que haveria por detrás, certamente lobos terríveis ou, no mínimo, cães ferozes…
Mais recentemente, Bagunte fez despertar em mim uma outra admiração: a cividade, provavelmente o maior tesouro histórico por revelar em Vila do Conde. A primeira vez que lá fui, de carro, armado em aventureiro de todo o terreno, o tempo estava chuvoso e fiquei atascado… Só por sorte consegui sair sem passar pela vergonha de pedir ajuda … A recompensa veio alguns anos depois, quando encontrei, lá em cima, o Dr. Paulo Pinto, arqueólogo da Câmara Municipal, que teve a amabilidade de, no local, nos envolver no seu entusiasmo pessoal por aquele espaço.
Mas Bagunte não impressiona só pela História. Desde logo, a extensão, de Santagães a Corvos atinge, seguramente, meia dúzia de quilómetros. Aliás, o conta-quilómetros aqui baixou substancialmente porque se optou por fazer quase todas as ligações recorrendo ao automóvel, sob pena de se chegar ao dia das eleições e a volta pela freguesia continuar por terminar…

Distância percorrida: 9,64 (Acumulado:355,2 Kms)

domingo, 20 de setembro de 2009

Na terra da mais bonita igreja de Vila do Conde

Mais de 10 km2! A freguesia de Rio Mau é enorme e rebenta com qualquer iniciativa deste género. Ou quase… Na verdade, enquanto nas restantes freguesias registamos uma média de visita de 55 habitações por hora, em Rio Mau a média desceu para metade. O povoamento, aqui, é disperso, o que prolonga, e muito, o tempo necessário para visitar todas as casas.
A vastidão da freguesia leva a que se identifiquem zonas completamente distintas, e que vão desde a proximidade ao rio Este até à vizinhança com a poveira Terroso. Ou então, a imperdível vista sobre a parte Norte de Rio Mau que se obtém a partir do lugar da Portela.
A freguesia, até pela sua extensão, tem uma vocação especial para a agricultura. E, efectivamente, os omnipresentes campos de milho ganham dimensão – o que também acontece com as máquinas agrícolas, claro está… Em contraste, também encontrámos muita gente a viver de agricultura de subsistência e em condições que poderiam ser melhores…
O momento especial ocorreu logo no primeiro dia e já era noite: a visão da igreja românica de Rio Mau, o templo mais bonito do concelho e da região. É claro que isto é subjectivo, mas sou um grande admirador da simplicidade rude do estilo românico. O actual edifício remonta ao século XII e tem na porta principal, com um tímpano belíssimo, a face mais conhecida. O interior, escuro e feérico, abriga elementos onde se misturam influências cristãs com outras de fonte pagã (o famoso barco viking…), sem esquecer a fantástica capela-mor. Estes são alguns dos ingredientes que fazem da igreja românica de S.Cristovão de Rio Mau uma jóia arquitectónica ímpar e que merecia melhor divulgação. Foi tempo, ainda, de recordar trabalhos passados, especialmente a reportagem que fiz quando era director do «Terras do Ave» e que me permitiu descobrir pormenores que ainda fizeram aumentar mais o fascínio que sempre nutri por esta igreja. Vila do Conde, e Rio Mau em especial, têm aqui um diamante raro.


Registo final para mais uma curiosidade animal: depois da avestruz de Modivas e da iguana, em Fornelo, em Rio Mau vimos corças e veados...

Distância percorrida: 21,76 Kms (Acumulado: 345,56 Kms)

Tougues, terra mártir

Começámos Tougues bem cedo, numa manhã de Domingo e, pelas 16.30 já tínhamos terminado. Se não fosse o estaleiro da ETAR, poder-se-ia dizer que a freguesia permanece, há muito, parada no tempo. E por falar em ETAR, proponho recordar aqui um texto escrito há bastante tempo, mas que não perdeu actualidade:
«Como é sabido, já lá vão trinta e cinco anos de poder socialista em Vila do Conde, mas no que diz respeito ao tratamento de águas residuais ainda estamos no «ano zero». Felizmente, em Tougues, está a construir-se a primeira ETAR, o que diz bem do enorme atraso em que, também em matéria de Ambiente, se encontra o nosso concelho. Curiosamente, ou talvez não, a verdade é que a freguesia de Tougues parece ter sido promovida à versão vilacondense da «Terra Prometida» em questões ambientais. É que, antes da ETAR, já lá existia o aterro sanitário da LIPOR.
Concerteza que os habitantes de Tougues se devem sentir orgulhosos por acolherem equipamentos que servem milhares de pessoas, já que quer a ETAR quer o aterro servem bem mais do que o concelho de Vila do Conde. Claro que ambos os equipamentos são importantes e servem, mesmo que indirectamente, a própria freguesia, mas a sua chegada causou impacto ao nível da própria estrutura e dinâmica de Tougues, sem esquecer o abalo irreversível na calma e pacatez da vida dos touguenses.
Caberá, então, perguntar: que contrapartidas recebeu a freguesia por ver ser-lhe imposto estes ónus? A resposta é desconsolante: NADA. As redes de água e de saneamento ainda não chegaram. O campo de futebol continua sem as obras reclamadas, a começar pela bancada. A prometida «praia fluvial» não passa de uma miragem eleitoral. Os acessos, como a ponte de Retorta, que bem podiam ajudar, ainda não saíram do papel. Melhores escolas e melhor saúde? Nada! Da parte dos responsáveis, nomeadamente a Câmara Municipal, nada se ouve.
Da actual Junta de Freguesia nem é bom falar, pois deve ter sido mordida pelo vírus do silêncio: nada de confrontos ou reclamações que possam perturbar o descanso do senhor Presidente da Câmara…
Estou certo que a gente sábia, inteligente e honesta de Tougues, saberá agradecer-lhes pela ingratidão nas próximas eleições autárquicas.
Connosco, poderão ter a certeza que encontrarão uma mão honesta e compensadora que dará à freguesia aquilo que ela merece, pelo sacrifício de receber a ETAR e o ATERRO: melhores vias de comunicação, melhores equipamentos sociais e, principalmente, o reconhecimento público pelo serviço que estão a prestar a Vila do Conde.»

Distância percorrida: 8,22 Kms. (Acumulado: 323,80 Kms)

sábado, 19 de setembro de 2009

Vila Chã, uma freguesia com...glamour!

O «Vila do Conde a Pé» teve abriu em Vila Chã a sua única excepção de campanha exclusiva de porta-a-porta. Freguesia alegre e bem disposta, optámos por percorrê-la em ambiente de «arruada». Bombos à frente, muita gente atrás, bandeiras, material de propaganda em quantidade e toca a andar!...
A volta começou pelo Rio da Gândara, onde ainda se ergue uma casa nossa, mandada construir pelo meu bisavô Joaquim, paga com dinheiro ganho a trabalhar em muitas partes do Mundo, em especial nos Estados Unidos da América. Já referi esse exemplo muitas vezes: tenho uma foto dele, de 1912, em que ele está, com outros companheiros, metido na neve, a abrir uma vala para saneamento. Curiosamente, quase cem anos depois, o seu e nosso concelho ainda está, na sua maior parte, a carecer de um tal equipamento. É este o sinal do nosso atraso…
Mas a «arruada» percorreu também a zona da praia, onde a animação está garantida. Muita gente na rua e nos cafés num turbilhão de cumprimentos, abraços, beijinhos e, principalmente, muitos votos de confiança. E muitas mulheres bonitas! Um cheirinho de glamour!...

Distância percorrida: 6,2 km (Acumulado: 315,58)

Em Vila Chã, uns prometem, mas outros cumprem...


sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Canidelo

Sempre a descer! Não a freguesia, claro, mas a nossa visita, já que se optou por começar no «Souto da Sapateira». Uma excelente ideia que sempre nos poupou um esforço adicional – o que, passados tantos quilómetros, é de aproveitar.
Apesar de pequena, a freguesia de Canidelo tem marcas características. Desde logo, a fábrica da pólvora. A verdade é que, enquanto o porta-a-porta rolou nas imediações, havia em todos uma sensação de algum desconforto, com excepção do Paulo Aroso, uma verdadeira pilha-alcalina-de –longa-duração no que a boa disposição diz respeito… Outra característica, esta mais agrícola, prende-se com as plantações de limões, raras em Vila do Conde e que dão um toque diferente à paisagem. Não por acaso, são quase todas do candidato…
E por falar em paisagem, a vista do alto de Canidelo é espectacular, alongando-se a vista pelas freguesias vizinhas até ao mar. Com a luz do sol a desfalecer e a calma que percorre a freguesia, tudo se conjuga para que os fins de tarde, em Canidelo, sejam únicos.

Distância percorrida: 7,82 Kms (Acumulado: 309,38 Kms)

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Doze garrafões vazios em Labruge


Dificilmente esquecerei a imagem: ao virar de uma esquina, uma senhora carregava, em cada mão, meia-dúzia de garrafões de água vazios. Perguntei-lhe para que eram e respondeu que a única água que tinha em casa era do poço e que tinha acabado. Agora, ia pedir aos vizinhos.
Não estava à espera de semelhante coisa na freguesia onde assinámos a passagem das três centenas de quilómetros percorridos. Já tinha visto uma situação idêntica, em Guilhabreu, mas era só um garrafão. Aqui eram doze, divididos pelas duas mãos. Foi uma visão do Terceiro Mundo. Imaginar que a quinze minutos de carro da segunda cidade do país, no fim da primeira década do século XXI, ainda há pessoas em Vila do Conde que têm de pedir água a vizinhos porque a rede de distribuição ainda não lá chegou é um cenário de pesadelo. Tão ou mais grave, claro, é que aquela vilacondense jamais irá ser abastecida por água através da Câmara Municipal, a não ser que viva até aos 110 anos. É que durante os próximos quarenta, como a autarquia não teve capacidade e arte para oferecer esse serviço aos vilacondenses, irá ser uma empresa privada a fazê-lo e com as consequências ao nível do aumento do preço de água que todos já sabemos e sentimos.
Mas Labruge, felizmente, tem coisas muito mais interessantes, desde logo as pessoas, como o Silvino do mítico «Café Pardal» até à farmácia do José Manuel Beleza, meu colega no Colégio Internato dos Carvalhos durante os nossos sete anos de adolescência e que vim reencontrar, por estas bandas, no início do Verão, depois de mais de duas décadas sem sabermos do paradeiro um do outro.
O estado das ruas, que já era sofrível, agora, por via da intervenção da Indáqua, está verdadeiramente calamitoso – isto para não referir a falta de pavimentação em muitas outras ruas. Curioso, neste aspecto, foi conversar com algumas pessoas que escolheram Labruge para acolher a sua segunda casa e, naturalmente, estabelecem comparação com as suas terras de residências e as conclusões são unânimes: nunca pensaram em vir para uma terra onde falta tudo, desde saneamento a estradas condignas. Realmente, dá que pensar o tratamento reservado aos que nos visitam ou por cá estabeleceram a segunda habitação. Em vez de sermos bons anfitriões, oferecemos ribeiros poluídos, caminhos com buracos, água de esgotos a correr. Brilhante!

Distância percorrida: 19,2 Kms (Acumulado 301,56 kms)

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Azulejos I

Não, não nos estamos a referir aos azulejos que cobrem muitas casas - mesmo assim, muito menos do que há uns anos - mas sim aos que dão um certo colorido a muitas moradias. Uns humoristas, outro com máximas ou provérbios, outros ainda exibindo paixões futebolísticas ou, simplesmente, recordando o nome da propriedade ou dos donos. Há um pouco de tudo, como se conclui por esta pequena selecção:



Azulejos II

Mas também há azulejos que nos remetem para situações e histórias que não podem deixar-nos indiferentes. É o caso da imagem, obtida em Fajozes. Poder-se-ia pensar que estamos perante o orgulhoso dono da casa, que não hesitou em colocar o seu nome à entrada. Mas não é nada disso.
Na verdade, e segundo nos contaram, trata-se do nome do filho dos proprietários, que já não se encontra entre nós. Foi esta a forma que encontraram para imortalizar o Zé Augusto - enquanto aquela for a sua casa, ele mantém-se vivo aos olhos dos pais e aos olhos de todos. Um gesto simples, mas com um significado esmagador.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Touguinha

Touguinha está próxima de Vila do Conde e isso nota-se no movimento de gente e de veículos. O crescimento da freguesia é evidente, sendo mais notório na zona do Monte, quase coberto de modernas e elegantes moradias, ocupadas por pessoas vindas de muitas partes do concelho, com especial incidência nas Caxinas. Foi, inclusive, um exercício curioso, tentar adivinhar a proveniência destes novos touguinhenses… Mas não só! Regista-se também alguma construção em altura, alguma com localização de virtude duvidosa… Em contraste, zonas como a Mata ou nas imediações da Igreja ainda mostram muitas habitações clássicas e um tipo de organização territorial típica de outros tempos, o que é de preservar. Também seria de preservar a capela de… hoje completamente em ruínas…
A freguesia tem uma enorme frente de rio mas, curiosamente e à semelhança de quase todas as freguesias em ambas as margens do Ave, vive de costas voltadas para o maior curso de água do nosso concelho. É certo que, hoje, viver com vista para um rio de água castanha não agradará a ninguém, mas no passado certamente que não era assim e já então ninguém teve semelhante intenção. Em compensação, houve quem quisesse ver Touguinha e arredores e construísse uma inusitada torre no meio da freguesia. E ainda lá está, imponente, certamente namorando com a antena de telemóvel colocada no centro da freguesia, quase em frente à Igreja. Modernices. De então e de agora.

Distância percorrida: 17,22 Km (Acumulado: 282,68 Kms)

Cães 1

São aos milhares. Pequenos, grandes, gordos, magros, agressivos, calmos, de raça, rafeiros, amarelos, pretos, castanhos, pintalgados, enfim, há cães de todas as cores e feitios espalhados por Vila do Conde. Rara é a casa que não tem cão e, muitas vezes, um só não chega e aparecem-nos em grupos de três e quatro. Sustos, como se imagina, já foram mais do que muitos. Como na foto, tirada em Arcos, em que os animais nos surgiram, de repente, por cima de uma garagem e desataram a ladrar desalmadamente.
(Queremos, ainda, desiludir os nossos adversários e descansar os nossos apoiantes: para já, ainda ninguém foi mordido...)

Cães 2




Se os cães são muitos e variados, o que dizer dos alertas que os prestimosos donos colocam nas suas casas?
Desde o meramente informativo (mas orgulhoso...) alerta de presença de «cão perigoso» até outros onde o sentido de humor marca presença, há um pouco de tudo.
Mas também é verdade que já vimos «alertas de cão perigoso» em casas sem qualquer canídeo e outros em que o cachorro não assustava ninguém. Cheira-me até que, alguns, acreditam que ter ou não cão é o mesmo e sempre fica muito mais barato comprar um azulejo e pô-lo à entrada da porta do que estar a alimentar um animal de vinte quilos... Guerra psicológica? Talvez...

sábado, 5 de setembro de 2009

Mindelo a «dar barraca»...

Visitámos Mindelo e não «o Mindelo» como muita gente insiste em errar. É este o preço de uma visibilidade inusitada, por via da construção turística que atraiu e atrai turistas e investidores dum raio de muitos quilómetros. Aliás, para sul, a mancha urbanística há muito invadiu Vila Chã, sendo indistinguível para «estrangeiros» a fronteira entre as freguesias.
Ao contrário de Árvore, com quem até partilha uma certa semelhança no tipo de desenvolvimento urbano, Mindelo pouco ultrapassa a EN 13, pelo que a zona mais agrícola, se estende até bem mais a sul, ultrapassando largamente a zona da Igreja. Curiosamente, para uma zona com tanta projecção turística, a falta de equipamentos adequados, incluindo comerciais, é notório. Repare-se que só em 2009 é que se construiu o primeiro parque de estacionamento condigno para os veraneantes!... Por outro lado, falta estruturar e reconverter toda a zona da costa, com equipamentos adequados, incluindo as básicas instalações sanitárias, para que realmente se possa falar de praias com qualidade.
E que dizer de uma freguesia com uma elevada taxa de cobrança de IMI – Imposto Municipal sobre Imóveis, que tem situações dramáticas de falta de qualidade habitacional, como na Travessa do Carvalhal? Percebe-se porque é que não se fala dela: trata-se de uma zona escondida, onde se tem de aceder por uma longa rua estreita que nem a circulação de um automóvel permite, pelo que «longe da vista, longe do coração»… E sabemos nós de dezenas e dezenas de fracções vagas na habitação social!... O desprezo e a incúria reinam, mas parece haver disponibilidade e vontade para que se construam mamarrachos como o que fizeram na nobre zona em frente à Igreja. Enfim, incongruências de uma gestão «sem rei nem roque»… Pelo menos, tiveram uma honra: em 35 anos de poder socialista, foi aqui inaugurada a primeira piscina no concelho fora do perímetro urbano da cidade. Veremos a quem é que calha a sorte daqui a trinta e cinco anos…

Distância percorrida: 21,60 Kms (Acumulado: 265,46 Kms)

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Friedland



Campainha de porta «Friedland». Não há rua que não tenha uma casa equipada com uma «Friedland». São aos milhares. Aliás, a visão de uma campainha desta marca já se tornou, para nós, em verdadeira obsessão. Há muitos modelos, muitas marcas, mas a «Friedland», com o modelo da foto, não dá qualquer hipótese.
Durante semanas, pensei que se tratava de um produto alemão. O Google veio dizer-me que, afinal, era inglês...
No catálogo desta sexagenária casa, já não consta este modelo clássico. Não faz mal. Quem o quiser ver, bastará vir a Vila do Conde, e escolher uma qualquer rua de uma qualquer freguesia. O mais difícil vai ser errar...

sábado, 29 de agosto de 2009

Vilar do Pinheiro e o drama da falta de habitação digna

A estação de caminho de ferro de Vilar do Pinheiro! Muito mais do que as camionetas do «Linhares», de «Parada» ou de «Viana» que paravam mesmo à minha porta, o que eu mais gostava, até ter carta, era de ir até à estação e apanhar o comboio. Quando andava nos primeiros anos da Universidade, tinha tudo cronometrado para apanhar o comboio das 7.20, que me permitia chegar folgadamente à aula das 8.30h. Levantava-me às 6.40 e tinha de estar a sair de casa exactamente às 7.00 para chegar à estação às 7.17h. Nunca perdi um comboio!
É claro que apanhei muitos sustos, como os cães em casa do Dr. Ramos que, por vezes, estavam soltos e obrigavam muita gente a refrear o passo… Ou aquele senhor alfaiate, que não me recorda o nome, que gostava de estar imóvel à janela, como se fosse manequim, para logo em seguida fazer um movimento brusco, assustando os transeuntes. Mas o comboio não era só para ir para os estudos. Servia para ir ver futebol ou cinema, ao Porto ou a Vila do Conde. É claro que em dia de jogar um grande ou em dias de corridas, era terrível entrar no comboio, que geralmente já vinha cheio…
Hoje, naquela estação já nãos e vendem aqueles bilhetes em cartão, as composições são modernas e já não passam, apenas, de hora a hora. E ainda bem que é assim, pois quando se muda para melhor, tudo está bem.
Coisa bem diferente e que me deixou bastante amargurado foi o estado de muita habitação na freguesia. Algumas que visitámos são verdadeiramente indignas de serem habitadas. A situação é dramática, como ilustra este episódio: em certa casa, uma senhora saudou a nossa presença para logo nos fazer um pedido. Julgávamos nós que seria mais uma questão pessoal, normalmente relacionada com a sua casa, a rua ou outro assunto próximo. Engano meu e engano nosso. A senhora, que por sua vez vivia numa habitação sofrível, pediu-nos que arranjasse uma casa - mas não para si. Ela queria uma casa para o vizinho, que, esse sim, vivia em condições miseráveis. Foi um gesto raro, que naturalmente nos tocou e que esteve presente durante todo o resto da visita. Até porque já tínhamos passado pela habitação social e contáramos 24 casas ainda vazias. Nem vale a pena comentar…

Distância percorrida: 17,44 km (Acumulado:243,86 Kms)

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Guilhabreu...Vila do Conde ou Trofa?

De todas as freguesias até agora visitadas, Guilhabreu foi a que mais me surpreendeu pela negativa. Ruas esburacadas, outras por pavimentar, jardins públicos por tratar, enfim, um monumento à ineficiência da Junta de Freguesia. O relógio, por aqui, parece que parou há já alguns anos...
E, como se não bastasse, encontrámos, igualmente, sérios problemas de habitação social, como, por exemplo, no Alto da Francisca. Mas vimos mais, muitos mais. E, tal como noutras freguesias, também em Guilhabreu a habitação social está longe de ficar totalmente ocupada. Não se compreende esta inoperância e esta incapacidade de gerir o dossier «habitação social» por parte da Câmara de Vila do Conde… Talvez estejam à espera das eleições. Seria um péssimo sinal para os vilacondenses, mas uma excelente notícia para nós…
Curiosamente, ao lado de muita habitação sem condições, encontrámos, igualmente, excelentes moradias, algumas extraordinariamente bem recuperadas, em especial na zona do Batel – onde aproveitámos para dar uma vista de olhos à mega-exploração agrícola que é a «Casa do Teixeira do Batel».
Já na zona de Santa Eufémia, contactámos com a amargura de vários vilacondenses. Porquê? Porque estão em vias de deixar de o ser, passando a ser trofenses. Tudo porque há um diferendo entre os dois municípios sobre a linha de demarcação de ambos, o que leva a situações caricatas de pessoas que têm a casa registada na Conservatória do Registo Predial de um concelho e votam e pagam impostos no outro… Queixam-se que há dez anos que esperam uma resposta da Câmara de Vila do Conde. Respondi-lhes que, a continuar assim e tendo como referência o abastecimento de água, ainda teriam de esperar mais duas décadas...

Distância percorrida: 19,87 kms (Acumulado: 226,42 kms)

domingo, 23 de agosto de 2009

Seca criativa ataca Árvore

Imensa. A freguesia de Árvore é imensa. Com quase 10% da população do concelho, tivemos de lhe dedicar uma semana inteira, algo que nunca tínhamos feito, até porque nunca fora necessário. E, claro, no final da visita, na contabilidade da iniciativa «Vila do Conde a pé», o nosso conta-quilómetros apontava um número muito próximo dos 30 quilómetros, pulverizando o anterior recorde de 17,52km que ainda pertencia à já temporalmente longínqua visita à freguesia de Touguinhó.

Não é preciso ser perspicaz para perceber que a freguesia está claramente fracturada, com a linha divisória estabelecida na Nacional 13. Para nascente está a Árvore tradicional, de cariz rural e onde ainda é possível encontrar belas casas de quinta. Para poente, é a expansão urbanística, com todo o espaço preenchido por prédios e moradias. O crescimento poderia a deveria ter sido mais ordenado, mas agora é tarde para fazer o que quer que seja… Mas Areia tem, ainda, uma parte que recorda outros tempos, com casas baixas e alinhadas em compridas ruas. Por aqui ainda não chegou a febre de renovação, se bem que, aqui e ali, apareçam os habituais anacronismos estéticos… Esta é uma parte terrível para se fazer «porta-a-porta», fazendo ecoar as Caxinas. Aqui é porta-sim, porta-sim, e fica-se com a estranha sensação de que se fala com muita gente mas não se sai do mesmo sítio…

Próximo desta zona, para o lado de Mindelo, foram várias as pessoas de fora de Vila do Conde que nos abriram a porta e não quiseram que nos fôssemos antes de dizerem o que lhes ia na alma. Queixas disto e daquilo, a sensação de perda de alguma calma ao longo do tempo e lamento pelas condições de água e saneamento, foram muitos dos desabafos encontrados. Mas não deixa de ser curioso o enorme fosso que separa o discurso, sem medo, de quem é de fora, e as meias-palavras, sempre a medo, de quem é vilacondense. É lamentável, mas há, na nossa terra, «novos-salazaristas-ditos-de-esquerda» que rejubilam com este tipo de comportamento condicionado.
É, ainda, incompreensível, como é que uma mega-freguesia (a nível concelhio) não tem um parque desportivo, com campo de futebol e piscinas, para os seus mais de sete mil residentes e que serviria, igualmente, como fonte de receita adicional durante os meses de Verão. Custa-me perceber como é que se deixa chegar a esta situação, ainda para mais quando não se ouve ninguém a protestar, excepto a oposição, claro está. Há pelo menos oito anos que assisto às sessões da Assembleia Municipal, onde o actual Presidente da Junta, pessoa por quem tenho estima pessoal, tem igualmente assento por direito próprio. E nunca o vi ou ouvi reclamar o que lhe era devido, exigir o cumprimento de promessas eleitorais e de tudo aquilo a que Árvore tem direito. Afinal, estamos a falar de quase 10% da população do concelho!

Distância percorrida: 28,27 km (Acumulado: 206,55 Kms)

sábado, 15 de agosto de 2009

Fornelo, entre o rio e o monte

Com o Ave a seus pés e um dos pontos mais elevados do concelho, uma visita a Fornelo promete subidas e descidas com fartura. E foi após uma das mais íngremes que, olhando para trás, vi o mar. Era minha obrigação saber que, dali, seria impossível não o ver, mas não tinha racionalizado essa possibilidade. E ali fiquei, uns momentos, recuperando o fôlego da subida, deixando que os olhos viajassem por boa parte do concelho de Vila do Conde que se estendia à nossa frente.

Ali perto, numa garagem, qual filme de David Lynch, passeava uma iguana. Pelos vistos, a avestruz de Modivas não é o único exemplar de fauna estranha a viver em casas particulares…

Fornelo desenrola-se de forma curiosa, na sua maioria nas imediações de duas vias principais, a EN 104 e a Rua de S. Martinho. As vistas são, efectivamente, do melhor que Vila do Conde tem para oferecer. Recordo-me da visita a Vairão, em que por inúmeras vezes comentámos Fornelo, em especial a igreja, de azulejos azuis, que parecia vigiar-nos ao longe e toda a freguesia que se estendia na encosta do monte. Mas, como já disse, Fornelo também tem rio, o Ave, embora me pareça que a freguesia só se lembre dessa mais-valia quando circula em direcção à Trofa… Tal como noutras freguesias, a vantagem da presença do principal rio do concelho nunca foi devidamente pensada por quem tem obrigação de pensar Vila do Conde - excepto, talvez, como a de um esgoto útil…

Distância percorrida: 12,49 Kms (Acumulado: 178,78 Kms)

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Gião e a Estátua da Liberdade


Foi logo no primeiro dia de visita a Gião. Depois de uma longa volta por Gião de Baixo, atravessando os omnipresentes campos de milho, eis que, no jardim de uma moradia, lá estava a «Liberdade Iluminando o Mundo», o nome completo da «Estátua da Liberdade». Ultrapassada a surpresa da visão, assaltou-me imediatamente a ideia de como era simbólica a sua presença, num concelho onde, não me canso de dizer, «o 25 de Abril ainda não chegou». Pudesse «Miss Liberty» falar sobre Vila do Conde e teria muito que contar, começando logo pela manipulação feita a muitos vilacondenses, agrilhoados a empregos de conveniência, presos a instituições umbilicalmente ligadas ao poder, limitados na sua informação por uma comunicação social à moda de Hugo Chavez…

Mas Gião teve muito mais para oferecer belas paisagens e gente muito simpática. Aliás, isso viu-se na visita que fizemos às casas do actual Presidente da Junta e do candidato da oposição às próximas eleições, onde fomos recebidos com toda a educação – o que só prova que, em certo saco, nem toda a farinha é igual…

A freguesia é, ainda, pródiga em belas casas de quinta, embora algumas estejam afectadas pelo mal que já registámos noutras paragens: o abandono. Certamente que haverá razões ponderosas para os seus donos não poderem recuperá-las, mas a verdade é que custa olhar para a imponência de certas casas e vê-las no estado de abandono em que se encontram, sem esquecer as dezenas de habitações comuns igualmente votadas ao ostracismo. Gião e Vila do Conde só tinham a ganhar com a sua recuperação. Cada vez mais se forma em mim a ideia de que é necessário elaborar um plano camarário para eliminar este problema.

Distância percorrida: 14,62 Kms (Acumulado: 166,29 Kms)

domingo, 9 de agosto de 2009

Fajozes



Terra de contrastes. Desde logo, entre a zona de moradias de Castelões e as casas de quintas na parte rural do Tourão. Ou entre as habitações sociais devolutas e as habitações a necessitar de obras no bairro junto à Nacional 13 ou algumas na zona das Regadas. Aliás, as condições nesta bairro deixam muito a desejar. A senhoria não faz obras, disseram-nos, e isso é evidente. Quem passa na estrada não vê as condições de vida que se escondem por detrás da serena fachada das casas. E, pelos vistos, os responsáveis autárquicos também não, já que muita desta gente poderia e deveria já ter tido uma oportunidade de se mudar para habitações sociais.
E, claro, em confrontação de situações, há outras casas em Fajozes a merecerem notas, muitas delas alvo de belíssimas recuperações. Houve, até, quem tivesse a amabilidade de nos ter convidado a entrar, muito embora nem sequer votasse na freguesia. E foi assim que admirámos antigas casas rurais transformadas em habitações de luxo, o que constituiu uma quebra na rotina destas caminhadas.
Nota, ainda, para o número de emigrantes e estrangeiros. Não é por não serem locais que se deixa de falar com as pessoas. E assim fiz, por exemplo, com um casal francês, a quem expliquei ao que vínhamos. Eles acharam divertido, já que em França não era assim a campanha e terminaram com um muito simpático “bonne chance”. Não tive tempo de explicar que, em Vila do Conde, a sorte tem pouco a ver com isto…

Distância percorrida: 11,84 Kms (Acumulado: 151,67 Kms)

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Macieira

A freguesia de Macieira, o lugar de Vilarinho e o cruzamento ali existente são, praticamente o centro geográfico do nosso concelho. Quem quiser atravessar Vila do Conde na diagonal, dificilmente conseguirá fazê-lo sem atravessar a freguesia. E, naturalmente, foi ao longo das vias rodoviárias que a freguesia foi crescendo. Recordo-me bem do largo de Vilarinho desde miúdo. É que, no Verão, para fugir às filas de trânsito em direcção a Vila do Conde (as mesmas que trinta anos e cinco anos depois ainda aí estão…), o meu pai optava por atravessar o concelho pela
É claro que esta situação trouxe enormes vantagens à freguesia, bastando ver que Macieira dispõe de três estabelecimentos bancários, algo muito pouco comum no tipo de tecido autárquico que Vila do Conde do Conde tem. E, sendo eu do Partido Social Democrata, é-me impossível falar de Macieira sem relembrar o senhor Francisco Carvalho, alguém que muito honra o nosso partido e que foi, durante vários anos, Presidente da Junta. A ele se devem obras de vulto como o edifício da Junta e o parque desportivo, além de se orgulhar de ter, então, a freguesia “num brinco”, para usar uma expressão muito sua. Mas os tempos mudaram e hoje, Macieira é liderada por outro Presidente e por outra força política. Não vou estar aqui com comparações pessoais, o que seria deselegante. Mas tenho de confessar alguma desilusão. Conheci o actual Presidente da Junta não nessa qualidade, mas sim na de Director da EB 2,3 de Macieira, a «Ribeirinha». E fiquei surpreendido por estar perante alguém com um discurso diferente do palavreado monocromático que sempre escorre pela banda socialista. Franco, aberto e preocupado, chegou até a citar alguns autores e pensadores – recordo, especialmente, um dos meus favoritos, Fernando Savater. Parecia-me diferente. Parece que me enganei. As intervenções posteriores a que assisti, nomeadamente na Assembleia Municipal, mostraram-me alguém bastante diferente, que se deixara escorregar para a habitual bajulação bacoca à Câmara Municipal. Obviamente que não estava à espera que fosse fazer oposição, seria absurdo, mas tinha esperança em ver nele algo parecido a uma consciência crítica, uma pessoa que evidenciasse uma postura própria, que pensasse por si. Afinal, parece que pensa como os outros. Mas como raramente me falha a intuição na apreciação da natureza humana, continuo a acreditar que tudo o que ouvi não tenha sido mais do que mera opção…


Voltando a Macieira, onde encontrei algumas pessoas que já não via há alguns anos, não posso deixar de referir a simpatia encontrada e a boa disposição de quase toda a gente. Aliás, isso foi bem visível na visita às construções sociais, perante um campo de futebol triangular!... Um campo de futebol triangular!!! Contado, ninguém acredita!

Distância percorrida: 15,60 Kms (Acumulado: 139,83 Kms)

domingo, 2 de agosto de 2009

Arcos


Numa terra com forte preponderância agrícola e numa altura em que o milho já se ergue, viçoso, formando uma manta de retalhos em vários tons de verde, passar todo o Sábado em Arcos foi um prazer raro e extraordinário que ganhou uma dimensão única na subida ao Alto dos Casais, de onde se vislumbra uma paisagem fantástica sobre parte da freguesia e sobre várias do vizinho concelho da Póvoa de Varzim.

A quantidade das casas rurais, belíssimas, foi outro dos prazeres desta visita a Arcos. Aliás, o sucesso da «Quinta de S. Miguel», um exemplo no sector do «turismo rural», indica como é que se poderá tirar partido de muitas destas casas, dando-lhe um destino bem mais digno do que o mero abandono. Algumas estão bem tratadas, com umas recuperações a revelarem-se mais felizes do que outras, é certo, mas a verdade é que, de um modo geral, embelezam a freguesia, com o granito rústico a fazer um extraordinário contraste com toda a vegetação envolvente. Para completar o cenário campestre, só faltou mesmo o «Grupo Musical dos Cavaquinhos de Arcos» ou uma leitura de uma obra de Júlio Dinis…

Mas falar de Arcos não pode ser só louvar a extraordinária paisagem agrícola ou as casas de quinta que salpicam a encosta do Alto dos Casais. A ponte de S. Miguel, travessia do Este e ponto de passagem do Caminho de Santiago, é uma jóia não só da freguesia, como do concelho. Entristece qualquer um ver o estado a que chegou esta preciosidade românica. Até porque não são apenas os locais e os habitantes das redondezas que a usam. Como por ali passa a rota do Caminho português, é muita gente de fora de Vila do Conde que atravessa, seguindo as famosas setas amarelas que balizam e indicam o percurso. E, naturalmente, irão levar a mensagem daquilo que viram. E, neste caso, como é óbvio, não poderão dizer nada de bom em relação à ponte de S. Miguel.

Distância percorrida: 13,20 Kms (Acumulado: 124,23 Kms)

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Malta


Conheço bastante bem Malta, por via de vários amigos que lá tenho, incluindo o José Manuel Oliveira, candidato à Junta de Freguesia local, e a família, ou esse brilhante e cultíssimo advogado que dá pelo nome de Guerra da Mota. Era também a Malta que vinha muitas vezes, acompanhando o meu avô, nas suas deslocações à Casa do Povo.
Olhando para o largo de Santa Apolónia e esquecendo algumas modernices de gosto discutível, a verdade é que olhando para aquele espaço, fica-se com a ideia de que o tempo parou por ali. Há muito que se deveria ter feito uma intervenção, proporcionando à freguesia uma outra área, com outras valências. Infelizmente, as autarquias envolvidas não pensam o mesmo.
Outro problema em Malta é o estado de muitos imóveis, alguns deles com uma imponência que ainda vai mantendo algum respeito, embora já não exiba o presumível e provável brio de outrora. Sinais dos tempos que, infelizmente, não são exclusivos desta freguesia mas que têm o seu expoente máximo na Casa dos Cavaleiros da Ordem de Malta, de onde emergiu o toponímico local, edifício que se encontra num estado inacreditável.

Distância percorrida: 9,12 Kms (Acumulado: 111,03 Kms)

domingo, 26 de julho de 2009

Vairão


Em Vairão ultrapassámos os cem quilómetros percorridos. Na verdade, já o havíamos feito, mas estabeleceu-se o critério de só contabilizar as distâncias percorridas quando se terminar a visita a respectiva freguesia. Ora, Malta e Gião, onde já caminhámos bastante, ainda não terminaram, pelo que não entraram para a conta… De qualquer forma, não há nada de especial num número redondo, muito menos quando é apenas um faits-divers e jamais a meta em si. Mas os cerca de onze quilómetros que andámos em Vairão foram dos mais custosos, uma vez que a freguesia é bastante acentuada. Mesmo assim, conseguimos percorrê-la praticamente toda num dia.
Vairão é muito bonita. Por si e pela paisagem que oferece, em especial a que se estende até ao horizonte visual, desde a “encosta” onde se espraia Fornelo até às casas distantes que pertencem a Bagunte. Ou, então, para poente em que, a partir do monte de Stº Ovídeo podemos ver desde a refinaria de Leça até aos prédios da Póvoa de Varzim e ao Monte de S. Félix. Paisagens fabulosas, devidamente acompanhadas pelos enormes tapetes verdes das plantações de milho.
Local de história por excelência, em Vairão foram encontrados documentos escritos que remontam a bem antes da fundação da nacionalidade, mais precisamente ao século X. O edifício do actual mosteiro continua a impor-se, pesado e algo majestoso, mas a precisar de obras para recuperar o vigor de outrora. Ainda ao nível cultural, confesso que desconhecia que António Feliciano de Castilho tinha ligações a Vairão. Efectivamente, um dos protagonistas da Questão Coimbrã casou em Vairão com D.Maria Isabel Baena Coimbra Portugal. Um casamento algo efémero, que durou apenas três anos.
Não se pode deixar de referir que as casas de quinta abundam em Vairão, algumas devida e irrepreensivelmente recuperadas, o que torna o passeio pela freguesia ainda mais agradável, ajudando a tolerar o cheiro por vezes nauseabundo a esgotos a correr a céu aberto - um problema comum, é certo, a muitas outras freguesias. Prova evidente que «no melhor pano cai a nódoa»…

Distância percorrida: 10,9 Kms (Acumulado: 101,91 Kms)

domingo, 19 de julho de 2009

Azurara

Do mesmo modo que a vista mais bonita do Porto é à partir de V.N. de Gaia, também a paisagem mais bonita de Vila do Conde é a que se obtém do lado de Azurara. E pode optar-se por ver a cidade de um ponto mais elevado, como do monte de Sant’Ana, ou mesmo ao nível do rio, na zona da Azenha ou, mais a juzante, na Junqueira.
Efectivamente, Azurara é uma freguesia com enormes potencialidades, já que conjuga rio e mar. Mas também tem floresta e, proximamente, vai ser inaugurado algo que será um «parque de aventura» com incidência na prática de arborismo. É uma excelente iniciativa, já que quase se pode falar de mar, rio e, à pequena escala, montanha. Na verdade, se não fosse alguma iniciativa privada a apostar na freguesia, Azurara estaria completamente parada no tempo.
Mas tempo é que coisa que Azurara há muito conta. Basta olhar a belíssima Igreja, a maltratada capela de S. Sebastião ou a capela de Sant’Ana. E que prazer enorme é percorrer aquela longa artéria que começa como Sant’ana e chega à igreja como Dr. Américo Silva. Uma rua antiga, com alguns edifícios de referência bem conservados e, outros, a necessitar de obras urgentes. Por ali respira-se História. Não a dos grandes momentos ou viragens, mas a “pequena história” que relata os acontecimentos comuns do dia-a-dia. Se aquelas pedras falassem, certamente não chegaria uma biblioteca inteira para arquivar tantas histórias.

Distância percorrida: 11,2 Kms (Acumulado: 91,01 Kms)

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Modivas

Mais até do que Vilar do Pinheiro, no longo pulsar dessa veia que é a Nacional 13, Modivas sempre significou para mim uma espécie de parente de Vilar. Não sei se essa ideia se formou quando era literalmente obrigado a ir até ao Posto de Saúde (não me recordo da nomenclatura exacta…) que existia ali pertinho do cruzamento dos Nove Irmãos e onde a minha mãe me levava para as aterrorizantes e obrigatórias vacinas. Ou talvez pelos amigos que lá tenho. Ou talvez porque ainda é lá que se vira para Vila Chã, essa sim, terra de antepassados. Não sei. A verdade é que sinto uma familiaridade enorme com a freguesia, muito embora não haja um só familiar meu a lá viver – ou, pelo menos, que eu saiba…
A nossa visita teve momentos curiosíssimos. Em Modivas de Baixo íamos todos levando um enorme banho, mas conseguimos fugir à justa da chuva da rega (na imagem). Na zona do Monte vimos uma avestruz a descansar num quintal. E, por várias vezes, me fizeram a gentileza de recordar o meu avô David, professor do ensino básico durante mais de quatro décadas na vizinha Vilar e que, no seu tempo, havia feito exame a vários modivenses – o que desconhecia e que, naturalmente, me emocionou.

Distância percorrida: 12,57 Kms (Acumulado: 79,81 kms)

domingo, 12 de julho de 2009

Vila do Conde - Caxinas

Quem nunca fez uma arruada ou um «porta-a-porta» nas Caxinas, não sabe o que é fazer política no país real.
Longe vão os tempos em que uma caravana do PSD ou do CDS arriscava mais do que os vidros ou a chapa das viaturas quando decidia irromper pela Av. Carlos Pinto Ferreira. Hoje, a democracia impôs-se calmamente e o respeito democrático assentou arraiais. Basta perguntar se se pode entregar o folheto de campanha para ouvir algo como «então porque não? Somos democratas!».
A verdade é mesmo essa. As Caxinas estão diferentes. Se há uns anos era pecado dizer algo menos favorável ao senhor Presidente da Câmara, isso hoje é comum. Pelo menos foi o que a Coligação «Adoro Vila do Conde» se fartou de ouvir.
É certo que as eleições ainda não se erguem no horizonte, mas a população já está desperta para o embate autárquico. E, prova disso, é que vai buscar promessas ao passado que, hoje, ainda não estão cumpridas. E nas Caxinas brinca-se com o prometido complexo desportivo e faz-se trocadilhos com a água das inexistentes piscinas: «eles meteram água, mas não foi nas piscinas...».

Distância percorrida: 2,7 Km (Acumulado 67,24 Kms)

Da parte da manhã, a visita ao Bairro do Farol esteve longe de ser animada. As condições não são as melhores, as queixas multiplicam-se, os lamentos acumulam-se. O estado de espírito dos vilacondenses que ali residem oscila entre o indignado e o conformado. A impressão que emerge, depois de dezenas de conversas, é que a Câmara Municipal, isto é, a actual equipa socialista que a lidera, não quer que lhe recorde a existência do Bairro e, ainda menos, de quem lá existe. Caso contrário, muitos dos problemas relatados há muito estariam resolvidos. Mas como o Bairro do Farol representa uma derrota sólida do senhor Presidente da Câmara, a energia para resolver os problemas escasseia. Mas é bom ver como há quem, no meio de tudo aquilo, tenha brio em mostrar o asseio com que mantém a sua casa, a forma como se procura embelezar as partes comuns, ou o cuidado posto nos animais para que não sujem os corredores. Para quem lá for, os habitantes deste Bairro dão uma enorme lição de vida a todos os que se movem na política em alturas de festas ou de desastres.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Touguinhó

Mais de dezassete quilómetros andámos nós em Touguinhó o que é, para já, o recorde absoluto. A vantagem é que, estrategicamente, planeámos a viagem da zona alta para a zona baixa da freguesia, o que relativizou bastante o esforço. Como a velocidade média da deslocação é de cerca de hora e meia por quilómetro, basta fazer as contas ao tempo que se demorou em Touguinhó
Touguinhó foi, ainda, a freguesia onde escutei mais queixas. Lamentos de algum abandono por parte da Câmara Municipal, protestos veementes por algumas decisões concretas e um certo descontentamento geral com «os políticos de Vila do Conde» que estão há anos no poder, foram alguns registos que se repetiram.
Touguinhó tem um enorme e belo trunfo, no curso de água que a atravessa, o rio Este. É uma pena a zona da ponte não estar melhor intervencionada. O mesmo se diga da antiga azenha, muito embora seja particular, mas que poderia ser um relevante ponto de interesse de Touguinhó. Já na restante beira-rio nota-se algum descuido de quem deveria providenciar melhores acessos, o que contrasta bastantes com o bom gosto de algumas intervenções de particulares que souberam aproveitar, muito bem, as potencialidades e as vantagens de terem uma casa mesmo junto ao rio. Com um murmurar do rio, com a vegetação alta na margem contrária, tudo ajuda a tornar idílica aquela secção do Este. Infelizmente, nem tudo são rosas. Por detrás, alguma habitação precária e algo caótica na sua organização continua a existir.
A zona mais a norte, incluindo Vila Verde, é tendencialmente agrícola, o que nos levou, novamente, a agradáveis caminhadas entre campos de milho.

Distância percorrida: 17,52 km (Acumulado: 64,54 km)

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Outeiro

Se ainda não tivesse nome, a freguesia de Outeiro Maior poderia chamar-se “Pacífica”, tal qual Magalhães chamou ao dito oceano, por o achar tranquilo e manso. Efectivamente, em Outeiro respira-se calma e serenidade. Terra eminentemente agrícola, onde a lavoura é rainha desde o pequeno agricultor de minifúndio até ao grande empresário agrícola, assiste-se ao desenrolar de um cenário preenchido por campos que efusivamente pintam de verde a paisagem. O ar é do mais puro que se pode respirar. Nesta altura, passear por entre viçosos campos de milho é um privilégio que poucos desfrutam mas que enriquece, e de que forma, toda esta zona nascente do concelho.
Outeiro não é a freguesia mais pequena de Vila do Conde, mas é das menos populosas, não chegando às quatro centenas de habitantes. Curiosamente, continua a construir-se por ali, sinal de que há quem reconheça as vantagens de se viver numa zona verde como é Outeiro. Na verdade, qualidade de vida é coisa que por ali abunda e, talvez por isso, os outeirenses sejam tão simpáticos e hospitaleiros.

Distância percorrida: 6,8 Km (Acumulado: 47,02 Km)

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Retorta

Há muita coisa torta pelos lados de Retorta. Desde logo a falta da prometida ponte rodoviária, algo que deve envergonhar os dirigentes locais e municipais, tão grande foi a promessa de a construir. Depois, as desastradas obras de metro que obrigam a retortenses e touguenses a andarem às voltas e durante quilómetros quando tinham um acesso pelo interior de Azurara que satisfazia as suas necessidades. Mas, em terceiro lugar e o mais grave de tudo foram os indícios de pobreza que encontrámos. Foram várias as famílias que encontrámos a necessitarem urgentemente de serem acolhidas em espaços dotados de condições de salubridade e higiene mínimas.
Retorta ficou partida em dois com a construção do IC1/A28 e não parece ter havido qualquer vantagem para a freguesia. As ruas e estradas são as mesmas e não se lutou por nenhum acesso directo à nova via, algo que poderia beneficiar fortemente a zona interior do concelho.
Em boa parte da sua extensão, a freguesia é banhada pelo Ave mas, curiosamente, ninguém parece ter chamado a atenção a Retorta para este privilégio. Com excepção da actual ponte pedonal, o Ave está afastado da vida dos retortenses.
A freguesia mostra alguns indícios de crescimento e renovação, com algumas urbanizações novas que para ali atraíram pessoas de outras zonas do concelho e, até, de concelhos vizinhos, como pudemos fartamente constatar nas visitas às casas. Curiosamente, muitos lamentavam a ausência da prometida ponte, já que tal promessa havia sido condição para ali se instalarem. Não admira, portanto, o número de anúncios de venda de casas novas que pudemos ver…
Bem mais dramática foi o que encontrámos no «Bairro da Professora» ou no denominado «Quartel 8», locais já há muito conhecidos e referenciados, inclusive em meios de comunicação nacionais, mas que, pelos vistos, não merecem qualquer atenção. As queixas dos residentes são tantas e sobre tanta coisa que é quase inexplicável como é que ainda têm força e ânimo para ali continuarem a viver. No «Casarão», junto à ponte pedonal, encontrámos, igualmente, muita gente com dificuldades, que não teve problema em nos franquear a porta de casa e nos exibir as condições em que vivem.
Para já, das freguesias que calcorreámos, esta foi aquela em que encontrámos situações humanas que nos deixaram um sabor mais amargo. A partir de Outubro, sem dúvida que vai merecer uma atenção muito especial.

Distância percorrida: 12,29 Km (Acumulado: 40,16 Km)

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Mosteiró

Mosteiró é outra das freguesias a que me une profundos laços familiares - além de Vila Chã e da já visitada Vilar.
Quando era miúdo, o lugar da Lameira ocupava todo o meu imaginário especialmente à quarta-feira, dia de realização da feira semanal. Na altura, os feirantes enchiam o recinto, o que hoje já não acontece e, para quem descia de Pereira, a entrada fazia-se junto à mercearia da «Crasta». Logo em frente, estavam...os bolos! As monas, o pão-doce e outras delícias eram justificação suficiente para dar a volta pelo resto da feira com a minha avó e, principalmente, para amenizar o almoço ou o jantar daa quartas-feiras, onde, normalmente, eram servidas as fanecas compradas na feira, peixe que, sem culpa dele, passei a detestar perante a obrigatoriedade parental de comer o que era posto na mesa…
Mas Mosteiró tem outras memórias, para além da família avoenga que por ali há muito se instalou e ainda lá vive. Antes de começar o «porta-a-porta», fui ao cemitério, passando pela éfigie do Pe. Neto, visitar a campa de uma das pessoas que mais me marcou até hoje: a da «Gena», diminutivo da Profª Eugénia Ramos, que ali deu aulas a gerações inteiras de mosteirosenses e que sempre considerei como família.
Em Mosteiró, a visita decorreu como todas até agora: de forma excelente! Chegamos a ser convidados para entrar em diversas casas, como aconteceu, por exemplo, no bairro social, o que demonstra bem como muita gente não se sente identificada e escutada pelo poder político vilacondense. Registo notório para a elevada quantidade de prédios devolutos que se nota mais acentuadamente em torno do largo da Lameira, sem esquecer a lamentável falta de saneamento – uma queixa constante. Realce ainda para a lacuna que constitui a sede da JUM-Juventude Unida de Mosteiró, uma enorme vergonha que a Câmara Municipal insiste em impor à associação e à freguesia.
Dez quilómetros depois de arrancarmos no «Largo da Feira», terminámos em Arões, onde decorria um jogo de futebol, curiosamente entre equipas femininas. E ainda dizem que o futebol é só para homens…

Distância percorrida: 9,880 Km (Acumulado: 27,87 Km)

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Parada

Parada é uma das mais pequenas freguesias do concelho, em número de habitantes. Curiosamente, não se nota. Mais uma vez, os contactos decorreram sem qualquer problema e alguns foram tão educados e simpáticos, quanto desarmantes - como a senhora que me chamou ao cimo das escadas, aceitou o que lhe ofereci, para me dizer, com voz doce, que lamentava, mas a sua escolha era outra. Só que disse-o de uma forma tão simples, tão honesta e tão simpática que fiquei desarmado e nem tive capacidade para insistir.
Mais à frente, entre dois pontos da freguesia, optou-se por atravessar uma bouça, o que me remeteu, claro, para os tempos que relato no post sobre Vilar. Mas o que mais me encanta em Parada, como acontece com as restantes freguesias daquela área de Vila do Conde, são as grandes extensões de verde. A paisagem rural, por estas bandas, é deslumbrante, com muitos campos a exibirem, ainda, uma belíssima e antiga moldura de pedra. Outros estão polvilhados pelos fardos cilíndricos plastificados, quais ovos brancos gigantes abandonados no meio dos campos verdes…
Aproximando-se de algo a que se poderia chamar de anacronismo estético (!), fui surpreendido por casas de arquitectura moderna e bastante arrojada na zona da Urbanização 25 de Abril. Curiosamente, porventura por serem casas térreas, não provocam qualquer choque visual ao observador. E dei por mim a pensar naqueles colegas e amigos que vivem enfiados em apartamentos na cidade, quando podiam ter, ali, por preço semelhante, uma casa e uma qualidade de vida incomparáveis. Mas há razões que a razão desconhece…

Distância percorrida: 5,93 Km (Acumulado: 17,99 Km)

domingo, 14 de junho de 2009

Vilar

Dia e meio depois, eis que a «Volta a Vilar» está terminada e não me sinto tão cansado como pensava. Pelo contrário: por mim, avançava já para outra freguesia.
Foi um giro fantástico. Começámos junto à sede Junta de Freguesia. No passado, ali funcionou a antiga escola primária e foi onde, por motivos profissionais da minha família, passei o primeiro ano de vida.
Tal como previra, cruzei-me com inúmeras caras conhecidas. Umas mais velhas, outras da minha idade, foram todas um bilhete de primeira classe para um extraordinário regresso ao passado. Encontrei sempre simpatia e cordialidade, mesmo perante militantes ou simpatizantes que sabia pertencerem a outras forças políticas. Ainda bem, é sinal evidente de maturidade e fico feliz por isso. E encontrei gente com muito sentido de humor: «pagar a ligação de água? Eu? Se tivesse o dinheiro do Cristiano Ronaldo...»
Adorei voltar a passar a pé naquela estrada que liga a Carrapata ao «meu» lugar de Pereira e que sempre foi para mim sinónimo de aventura. Há trinta e tal anos não era pavimentada e os tractores desenhavam longos traços paralelos ao longo do percurso. Por isso, a opção por fazer o caminho através das bouças era infinitamente mais divertida. Era ali que construíamos as nossas cabanas, locais de refúgio e de brincadeira, numa altura em que todos nós passávamos as tardes em reinação, no meio da rua ou nos campos, sem que os nossos pais tivessem receio por ignorarem onde estávamos ou preocupados com o que nos poderia acontecer. Hoje, uma liberdade destas é impensável. E não posso esquecer o rio Cojo, que era o nome que se dava ao Onda quando passava ali em Pereira e onde tantas vezes mergulhei, outra coisa inconcebível nos dias de hoje, principalmente porque a lixeira e a poluição coloriram dramaticamente as margens e a água.
Também foi com alguma nostalgia que passei junto a uma casa, no lugar da Rosa, que eu e os meus amigos tínhamos «a certeza» que era assombrada. Bati à porta e fui atendido por uma simpática anciã. Se ali houve fantasmas, certamente que os «Ghostbusters» haviam tratado do assunto…
Um outro pormenor curioso é o número de cafés. Descontando o exagero, quase que fiquei com a sensação que raras serão as ruas onde não há um. E nem todos são de locais. Por exemplo, encontrei gente de Braga e de Matosinhos a saciar a sede e o apetite dos vilarenses…
A opção da entrega do cartão com o meu contacto telefónico (específico para estas eleições autárquicas) deu logo os primeiros resultados. Uma das chamadas que atendi trouxe-me à memória o Sérgio, um ex-colega de escola que, infelizmente, já não está entre nós. Falta ele e falta o Adelino, o meu colega de carteira na terceira e na quarta classe. Um dia, vamos todos encontrarmo-nos e pôr a conversa em dia…
Não podia deixar de fazer referência ao restaurante «Amigos da Canastra», onde o «churrasquinho» continua a ser uma referência pela qualidade, tal qual o simpático serviço.

Distância percorrida; 12,06 km

sexta-feira, 12 de junho de 2009

O primeiro passo

Qual é o melhor método de contactar com o eleitorado e conhecer, ao pormenor, uma freguesia, uma cidade ou um concelho? Exactamente! Caminhando!
Foi tendo esta ideia como base que propus à direcção de campanha uma iniciativa inédita: percorrer a pé o concelho de Vila do Conde. É este o meu propósito. Não sei se estes quatro meses serão suficientes ou se a energia e a força anímica me abandonarão. Não interessa! Os meus companheiros dizem que é uma loucura, que não irei aguentar. Veremos! Ao sábado e ao domingo todo o dia e ao fim do dia, durante a semana, será esta a aventura a que me proponho. A inspiração, essa, fui buscá-la a um amigo, o Nuno Ferreira, que está a fazer algo de semelhante, mas incrivelmente mais vasto: Portugal a pé.
A proposta está aí e começo já amanhã, no dia do meu quadragésimo primeiro aniversário, em Vilar, a freguesia onde vivi até aos meus vinte e seis anos. Certamente que irei recordar caras que há algum tempo não via, colegas de escola cujo percurso de vida nos impediu de continuar juntos e vou, certamente, atravessar muitos recantos onde, em miúdo, brinquei e joguei.
Confesso que estou ansioso. Vamos lá ver…