sábado, 29 de agosto de 2009

Vilar do Pinheiro e o drama da falta de habitação digna

A estação de caminho de ferro de Vilar do Pinheiro! Muito mais do que as camionetas do «Linhares», de «Parada» ou de «Viana» que paravam mesmo à minha porta, o que eu mais gostava, até ter carta, era de ir até à estação e apanhar o comboio. Quando andava nos primeiros anos da Universidade, tinha tudo cronometrado para apanhar o comboio das 7.20, que me permitia chegar folgadamente à aula das 8.30h. Levantava-me às 6.40 e tinha de estar a sair de casa exactamente às 7.00 para chegar à estação às 7.17h. Nunca perdi um comboio!
É claro que apanhei muitos sustos, como os cães em casa do Dr. Ramos que, por vezes, estavam soltos e obrigavam muita gente a refrear o passo… Ou aquele senhor alfaiate, que não me recorda o nome, que gostava de estar imóvel à janela, como se fosse manequim, para logo em seguida fazer um movimento brusco, assustando os transeuntes. Mas o comboio não era só para ir para os estudos. Servia para ir ver futebol ou cinema, ao Porto ou a Vila do Conde. É claro que em dia de jogar um grande ou em dias de corridas, era terrível entrar no comboio, que geralmente já vinha cheio…
Hoje, naquela estação já nãos e vendem aqueles bilhetes em cartão, as composições são modernas e já não passam, apenas, de hora a hora. E ainda bem que é assim, pois quando se muda para melhor, tudo está bem.
Coisa bem diferente e que me deixou bastante amargurado foi o estado de muita habitação na freguesia. Algumas que visitámos são verdadeiramente indignas de serem habitadas. A situação é dramática, como ilustra este episódio: em certa casa, uma senhora saudou a nossa presença para logo nos fazer um pedido. Julgávamos nós que seria mais uma questão pessoal, normalmente relacionada com a sua casa, a rua ou outro assunto próximo. Engano meu e engano nosso. A senhora, que por sua vez vivia numa habitação sofrível, pediu-nos que arranjasse uma casa - mas não para si. Ela queria uma casa para o vizinho, que, esse sim, vivia em condições miseráveis. Foi um gesto raro, que naturalmente nos tocou e que esteve presente durante todo o resto da visita. Até porque já tínhamos passado pela habitação social e contáramos 24 casas ainda vazias. Nem vale a pena comentar…

Distância percorrida: 17,44 km (Acumulado:243,86 Kms)