Imensa. A freguesia de Árvore é imensa. Com quase 10% da população do concelho, tivemos de lhe dedicar uma semana inteira, algo que nunca tínhamos feito, até porque nunca fora necessário. E, claro, no final da visita, na contabilidade da iniciativa «Vila do Conde a pé», o nosso conta-quilómetros apontava um número muito próximo dos 30 quilómetros, pulverizando o anterior recorde de 17,52km que ainda pertencia à já temporalmente longínqua visita à freguesia de Touguinhó.
Não é preciso ser perspicaz para perceber que a freguesia está claramente fracturada, com a linha divisória estabelecida na Nacional 13. Para nascente está a Árvore tradicional, de cariz rural e onde ainda é possível encontrar belas casas de quinta. Para poente, é a expansão urbanística, com todo o espaço preenchido por prédios e moradias. O crescimento poderia a deveria ter sido mais ordenado, mas agora é tarde para fazer o que quer que seja… Mas Areia tem, ainda, uma parte que recorda outros tempos, com casas baixas e alinhadas em compridas ruas. Por aqui ainda não chegou a febre de renovação, se bem que, aqui e ali, apareçam os habituais anacronismos estéticos… Esta é uma parte terrível para se fazer «porta-a-porta», fazendo ecoar as Caxinas. Aqui é porta-sim, porta-sim, e fica-se com a estranha sensação de que se fala com muita gente mas não se sai do mesmo sítio…
Próximo desta zona, para o lado de Mindelo, foram várias as pessoas de fora de Vila do Conde que nos abriram a porta e não quiseram que nos fôssemos antes de dizerem o que lhes ia na alma. Queixas disto e daquilo, a sensação de perda de alguma calma ao longo do tempo e lamento pelas condições de água e saneamento, foram muitos dos desabafos encontrados. Mas não deixa de ser curioso o enorme fosso que separa o discurso, sem medo, de quem é de fora, e as meias-palavras, sempre a medo, de quem é vilacondense. É lamentável, mas há, na nossa terra, «novos-salazaristas-ditos-de-esquerda» que rejubilam com este tipo de comportamento condicionado.
É, ainda, incompreensível, como é que uma mega-freguesia (a nível concelhio) não tem um parque desportivo, com campo de futebol e piscinas, para os seus mais de sete mil residentes e que serviria, igualmente, como fonte de receita adicional durante os meses de Verão. Custa-me perceber como é que se deixa chegar a esta situação, ainda para mais quando não se ouve ninguém a protestar, excepto a oposição, claro está. Há pelo menos oito anos que assisto às sessões da Assembleia Municipal, onde o actual Presidente da Junta, pessoa por quem tenho estima pessoal, tem igualmente assento por direito próprio. E nunca o vi ou ouvi reclamar o que lhe era devido, exigir o cumprimento de promessas eleitorais e de tudo aquilo a que Árvore tem direito. Afinal, estamos a falar de quase 10% da população do concelho!
Distância percorrida: 28,27 km (Acumulado: 206,55 Kms)