segunda-feira, 29 de junho de 2009

Retorta

Há muita coisa torta pelos lados de Retorta. Desde logo a falta da prometida ponte rodoviária, algo que deve envergonhar os dirigentes locais e municipais, tão grande foi a promessa de a construir. Depois, as desastradas obras de metro que obrigam a retortenses e touguenses a andarem às voltas e durante quilómetros quando tinham um acesso pelo interior de Azurara que satisfazia as suas necessidades. Mas, em terceiro lugar e o mais grave de tudo foram os indícios de pobreza que encontrámos. Foram várias as famílias que encontrámos a necessitarem urgentemente de serem acolhidas em espaços dotados de condições de salubridade e higiene mínimas.
Retorta ficou partida em dois com a construção do IC1/A28 e não parece ter havido qualquer vantagem para a freguesia. As ruas e estradas são as mesmas e não se lutou por nenhum acesso directo à nova via, algo que poderia beneficiar fortemente a zona interior do concelho.
Em boa parte da sua extensão, a freguesia é banhada pelo Ave mas, curiosamente, ninguém parece ter chamado a atenção a Retorta para este privilégio. Com excepção da actual ponte pedonal, o Ave está afastado da vida dos retortenses.
A freguesia mostra alguns indícios de crescimento e renovação, com algumas urbanizações novas que para ali atraíram pessoas de outras zonas do concelho e, até, de concelhos vizinhos, como pudemos fartamente constatar nas visitas às casas. Curiosamente, muitos lamentavam a ausência da prometida ponte, já que tal promessa havia sido condição para ali se instalarem. Não admira, portanto, o número de anúncios de venda de casas novas que pudemos ver…
Bem mais dramática foi o que encontrámos no «Bairro da Professora» ou no denominado «Quartel 8», locais já há muito conhecidos e referenciados, inclusive em meios de comunicação nacionais, mas que, pelos vistos, não merecem qualquer atenção. As queixas dos residentes são tantas e sobre tanta coisa que é quase inexplicável como é que ainda têm força e ânimo para ali continuarem a viver. No «Casarão», junto à ponte pedonal, encontrámos, igualmente, muita gente com dificuldades, que não teve problema em nos franquear a porta de casa e nos exibir as condições em que vivem.
Para já, das freguesias que calcorreámos, esta foi aquela em que encontrámos situações humanas que nos deixaram um sabor mais amargo. A partir de Outubro, sem dúvida que vai merecer uma atenção muito especial.

Distância percorrida: 12,29 Km (Acumulado: 40,16 Km)