Quem nunca fez uma arruada ou um «porta-a-porta» nas Caxinas, não sabe o que é fazer política no país real.
Longe vão os tempos em que uma caravana do PSD ou do CDS arriscava mais do que os vidros ou a chapa das viaturas quando decidia irromper pela Av. Carlos Pinto Ferreira. Hoje, a democracia impôs-se calmamente e o respeito democrático assentou arraiais. Basta perguntar se se pode entregar o folheto de campanha para ouvir algo como «então porque não? Somos democratas!».
A verdade é mesmo essa. As Caxinas estão diferentes. Se há uns anos era pecado dizer algo menos favorável ao senhor Presidente da Câmara, isso hoje é comum. Pelo menos foi o que a Coligação «Adoro Vila do Conde» se fartou de ouvir.
É certo que as eleições ainda não se erguem no horizonte, mas a população já está desperta para o embate autárquico. E, prova disso, é que vai buscar promessas ao passado que, hoje, ainda não estão cumpridas. E nas Caxinas brinca-se com o prometido complexo desportivo e faz-se trocadilhos com a água das inexistentes piscinas: «eles meteram água, mas não foi nas piscinas...».
Distância percorrida: 2,7 Km (Acumulado 67,24 Kms)
Da parte da manhã, a visita ao Bairro do Farol esteve longe de ser animada. As condições não são as melhores, as queixas multiplicam-se, os lamentos acumulam-se. O estado de espírito dos vilacondenses que ali residem oscila entre o indignado e o conformado. A impressão que emerge, depois de dezenas de conversas, é que a Câmara Municipal, isto é, a actual equipa socialista que a lidera, não quer que lhe recorde a existência do Bairro e, ainda menos, de quem lá existe. Caso contrário, muitos dos problemas relatados há muito estariam resolvidos. Mas como o Bairro do Farol representa uma derrota sólida do senhor Presidente da Câmara, a energia para resolver os problemas escasseia. Mas é bom ver como há quem, no meio de tudo aquilo, tenha brio em mostrar o asseio com que mantém a sua casa, a forma como se procura embelezar as partes comuns, ou o cuidado posto nos animais para que não sujem os corredores. Para quem lá for, os habitantes deste Bairro dão uma enorme lição de vida a todos os que se movem na política em alturas de festas ou de desastres.